A poesia de Marcio Vidal, essa que o aguarda neste livro que tem nas mãos, irá chegar aos seus olhos, e verá que a palavra tem o dom de fazer carinho na alma, com a mesma força de quem empunha uma espada em nome da paz. Entenderá, então, para que serve, finalmente, o coração: um depósito de poemas. E, assim, como um peregrino em busca de sua alma, ele vai roubando as nossas, para nos devolver, novamente, a nossa insanidade, que habita o cotidiano de pessoas que não cabe, muitas vezes, no mundo da literatura. E, no meio dessa guerra toda, da poesia contra a vida dura que nos impõe a realidade, ele constrói castelos onde o destino pede barraco de madeira. Derruba muros e levanta pontes com os entulhos, planta o trigo e nos devolve em forma de pão para nos matar a fome de um mundo melhor. Já no seu poema de abertura, “Velho canto brasileiro”: “Sob a negra noite/ deusa dos sonhos/ não saberei cantar a vida/ que é breve...”, que sua Nau navegará sem piedade sobre a covardia dos tiranos e dos que dormem em silêncio nas calçadas frias das cidades brasileiras. Apresentação de Sergio Vaz.