A década de 70 foi um período difícil para a música no Brasil, pois estávamos em plena ditadura militar (1964-1985). O rock, muitas vezes associado à contracultura e à rebeldia, enfrentava resistência, tanto pela censura quanto pela falta de incentivo das gravadoras, que preferiam a MPB e o samba, gêneros mais aceitos culturalmente. Mesmo assim, com muito esforço e criatividade, ocorriam muitos shows em teatros e festivais alternativos. A Barca do Sol surgiu no meio disso tudo como uma das bandas mais originais dos anos 70. Formada em 1973, a banda misturava rock progressivo com música brasileira e elementos do folk. Esta obra de Yuri Behr revela a história da formação da banda no início dos anos 70 até os dias de hoje, quando ainda se reúnem ocasionalmente para o deslumbramento dos que acompanham o grupo desde a sua formação e das novas gerações que nunca haviam visto todos reunidos. Contar a história de A Barca do Sol é mais do que simplesmente falar de um grupo musical, mas sobre uma história de amizade, da trajetória de sete pessoas, suas ideias, seus desafios pessoais e musicais. É falar também das decisões coletivas como grupo, mas mantendo a identidade de cada um dos integrantes. A Barca do Sol permanece viva nos discos, nas memórias e em todos a quem ela inspirou e fez sonhar. No prefácio escrito por Egberto Gismonti, ele menciona que a banda representa uma marca importante em sua vida pessoal. Construído ou formado quase aleatoriamente, o grupo reunia músicos com diferentes formações musicais, mas todos compartilhavam o sentimento e o princípio de que a música representava suas individualidades e liberdade de viver. Como explica Yuri Behr: O livro A Barca do Sol, memórias de um certo verão foi sendo escrito aos poucos, à medida que um grande caleidoscópio de lembranças e sensações girava. Para mim, foi viver e reviver muitos verões, muitas manhãs de calor. Tenho uma grande admiração por esses músicos, pela maneira livre como pensaram