A Dama E A Criatura

Elas sabem criar monstros como ninguém. Mary Shelley e Milicent Patrick possuem esse dom em comum. Artistas e criadoras capazes de dar vida à escuridão. Foi da mãos delicadas e da mente genial de Milicent Patrick que O Monstro da Lagoa Negra ganhou vida e tomou as telas de todo o mundo. Em 1954, a Universal Studios se preparava para o lançamento mundial de sua produção de terror mais recente. Com O Monstro da Lagoa Negra, Milicent Patrick entraria para a história por dar rosto ao pesadelo. Nenhuma mulher havia sido responsável pelo design de um monstro para um longa-metragem até então. A atenção inicial em seu nome incomodou muitas pessoas que se esforçaram para tirar os holofotes da brilhante artista. Naquela época, os créditos cinematográficos não eram tão abrangentes como os de hoje, e o nome de Milicent Patrick não apareceu em nenhum lugar do filme. Enquanto a Criatura se tornava uma das criações cinematográficas mais icônicas de todos os tempos, o nome de Milicent Patrick afundava nas águas turvas do esquecimento. Até agora. Em A Dama e a Criatura, a roteirista e produtora Mallory O’Meara une os fragmentos da história de Milicent Patrick para colocar a artista em seu lugar de direito: o de pioneira na indústria cinematográfica de horror. A vida de Milicent foi moldada, em parte, por monstros reais e os obstáculos postos em seu caminho por uma cultura patriarcal, mas sua criação sobreviveu a gerações — a Criatura ainda é um dos mais bem-projetados e reconhecidos monstros