Você se sacrificaria por um amigo? Seria capaz de arriscar a própria vida para que um amigo pudesse viver um pouco mais? Em tempos onde a empatia é uma virtude cada vez mais rara, o texto teatral Asfixia, do dramaturgo brasileiro Afonso Nilson, aborda de modo contundente o quanto decisões relativas a um único indivíduo podem ser decisivas para sobrevivência de um grupo. Na texto, cinco mineiros presos em um desabamento tentam sobreviver à catástrofe e uns aos outros. A violência dos embates, o temor de um novo desabamento e a perspectiva de que o oxigênio seja limitado coloca as personagens em conflito. A luta pela sobrevivência individual pode colocar todos em risco. Os embates morais, mais do que os físicos, permeiam o enredo em direções inesperadas, remetendo à temáticas contundentes, tensionando o texto a partir de perspectivas éticas de grande atualidade. Metáfora de um mundo com recursos naturais limitados que depende de ações coletivas para sua própria preservação? Crítica a sistemas de trabalho onde a competição desenfreada se torna cruel e muitas vezes assassina? Apenas o leitor que se aventurar aos subsolos deste texto poderá descobrir.