Um lar de idosos tem sua rotina alterada após a chegada de Arnaldo, um homem na faixa dos seus 60 anos que precocemente escolhe viver naquele lugar. Sua chegada transforma a dinâmica de um ambiente que primava por uma aparente serenidade, e a narrativa nos coloca dentro de um universo fechado onde enfermeiras e residentes desnudam seus pensamentos e lembranças. Pouco a pouco, por trás daquela rotina aparentemente esterilizada começam a surgir impasses e dilemas tanto existenciais quanto eróticos, trazendo à tona paixões e comportamentos que os corredores limpos e silenciosos não conseguem esconder. Cárcere branco explora as contradições de uma convivência forçada, onde o conforto vira prisão e os gestos cotidianos escondem profundos questionamentos. Ronaldo de Medeiros e Albuquerque apresenta um relato contundente sobre uma vida em confinamento voluntário, com uma prosa direta e cativante que prende o leitor desde as primeiras linhas. Você quer detalhes. Então vou falar. Eu só tive uma paixão na vida. Até hoje. Foi por uma mulher casada. Paixão é uma coisa que surge de repente. Claro que tem que haver uma relação. Não existe paixão platônica. Mas eu sei quando posso vir a me apaixonar. Eu sei quando estou correndo risco. Risco? Quem está apaixonado está em risco. Pode sofrer. Sofrer muito. Mas é um risco que você sabe que tem que correr. O prazer do sexo é pequeno perto do prazer que a paixão te dá. A paixão é tudo. Mas a paixão e o sexo não estão juntos? Estão. Mas o verdadeiro prazer vem da paixão, o sexo só o potencializa.