Seguindo o projeto enunciado pelo E.P. Thompson de “resgatar” certos trabalhadores da “enorme condescendência da posteridade”, Lara de Castro conta a história dos chamados “trabalhadores-cassacos” no estado do Ceará nos anos 50, década de tres grandes secas. Foi também o auge do desenvolvimentismo na parte do governo federal e de ansiedade entre as elites regionais para estancar o êxodo da mão de obra para o Sul do país. Lara de Castro mostra como esta convergência de interêsses, junto com a forte pressão da população necessitada, levou à criação de dezenas de obras públicas no Ceará. Nestas frentes de trabalho os retirantes labutavam de sol a sol em troca de parcos alimentos para se sustentar (e frequentemente, para sustentar a família toda). Com uma interpretação incisiva e profundamente humana, a autora nos permite entrar no cotidiano dos “cassacos” e entender o que significava ter a fome como companheira constante e “aceitar” emprego, mesmo em condições perigosas e degradantes, para não morrer. Bárbara Weinstein