Este livro contextualiza e analisa os filmes que Glauber Rocha realizou em colaboração com produtores estrangeiros. Nesse período (1968-1975), que costuma ser definido como seu exílio, pois o cineasta se encontrava efetivamente ameaçado pelas forças de repressão da ditadura militar, Glauber trabalhou com equipes e elencos estrangeiros, em três continentes. Esses filmes são pouco conhecidos no Brasil, pois tiveram sua exibição truncada ou proibida pela censura da época, só vindo a ser exibidos muitos anos depois de sua realização. No entanto, essa parcela de sua obra monta um painel de questões que animavam o campo progressista em vários países e, como se examina no livro, com especial repercussão na América Latina. Além disso, o cineasta jamais perdeu o Brasil de vista; é o Brasil que retorna em cada um desses filmes, seja como alegoria ou como referência explícita. É um Brasil dos anos 1960 e 70 e que, espantosamente, ecoa em nossa contemporaneidade. Como tantos afirmaram, o Glauber artista-profeta parece continuar se manifestando entre nós.