Entre o ser e o silêncio, a palavra se dissolve. Entre o tempo e a memória, resta a cinza - resíduo e revelação. Em Cinza, Wilbett Oliveira faz da linguagem um corpo em combustão: o verbo que arde, apaga-se, e volta a acender no instante seguinte. Cada poema é um fragmento de pensamento, um sopro de lucidez nas margens do indizível. "Escrevo para a impermanência de tudo", confessa o poeta. E é desse gesto - humilde e imenso - que nasce o sentido último do livro: a poesia como resistência à extinção, como lampejo no meio do pó. Nada se conclui em Cinza: tudo permanece em suspensão. Porque o que o poeta escreve - e o que o tempo apaga - são faces de um mesmo lume que insiste em arder. Marca: Não Informado