O estupro e assassinato de Kitty Genovese ficou famoso na mídia internacional. Não pelos requintes de crueldade ou pela brutal forma de execução. Mas pelo fato de ter ocorrido diante de diversos espectadores. Reza a lenda que o homicídio foi assistido por aproximadamente 38 testemunhas inertes, apáticas, que não realizaram qualquer ação para evitar o crime, cuja execução durou cerca de 35 minutos. A inação das testemunhas foi justificada de diversas formas, dentre elas: (I) achamos que era briga de namorados; (II) fomos até a janela para ver o que estava acontecendo, mas a luz de nosso quarto dificultou a visão da rua ou (III) eu estava cansado e voltei para o quarto. Parece absurdo, mas as justificativas estão insertas em um fenômeno que pode ser chamado de bystander effect ou "síndrome de Genovese". Referida circunstância pode ser explicada pela apatia dos espectadores em situações de tensão ou de perigo quando o fato está sob a observação de diversas pessoas. Vale dizer, quanto mais pessoas presentes, maior a chance de que deixem de agir, na expectativa de um compartilhamento de responsabilidade ? ou seja, não vou fazer nada, pois alguém certamente fará. Esse contexto indica, também, que as pessoas possuem maior propensão de atuação quando estão sozinhas do que quando estão em grupo. De fato, nas situações em que as pessoas encontram- se sob o olhar de diversos espectadores suas ações acabam sendo inibidas pelo receio de que suas condutas sejam avaliadas e julgadas. É como se a multidão ou a presença dos outros inibisse o cometimento de atitudes altruístas, pelo receio de que sejam julgadas e consideradas tolas. Além disso, a presença de várias pessoas dilui entre o grupo o sentimento de responsabilidade com os próximos em situações de necessidade, diminuindo, assim, a presteza na prestação de socorro. Efetivamente, pode-se concluir que "Kitty Genovese não morreu, ?apesar? de haver muitas testemunhas, mas morreu exatamente porque havia muitas testemunhas". Marca: Não Informado