Baixo os olhos para te deixar passar. Ignoro os sinais que me dás. Imagino o real e dele tenho medo. Vivo paralelo entre o que quero e o que a vida me dá. Inodoro me afirmo. Não ouso mudar ninguém e espero que de mim não se aproximem. Vivo bem sem o cheiro das gentes. Sinto ter estado ausente, sinto não sentir. Sinto não estar presente. Sinto ser um ser vivente. Não sinto, portanto. O que é sentir então senão o não sentir e sentir aí sentido. Viver é reprimir o sentir e mentir para o poder viver. Trata-se de sobreviver. A arte de acordar depois de outro dia que se esforçou por ser diferente. E que nos enganou na tentativa. Acordar depois de dormir e não o seu contrário vigente, o de justificar o estar a dormir logo depois, de estar acordado a não viver. Marca: Não Informado