Em seu primeiro romance, Natália Nami apresenta uma protagonista dilacerada pela solidão, dividida entre suas memórias e uma angústia premente que a faz adiar a decisão de atender ou não a campainha que soa insistente lá fora. Presa nesse dilema - quem ou o que afinal aguarda do outro lado da porta -, Flávia, uma mulher de meia-idade marcada por um grande trauma de infância, relembra sua história, entre uma garrafa de café e muitas outras de uísque. Narrado em primeira pessoa, o livro acompanha o pensamento de Flávia nesse momento de agonia ante a campainha que toca. Ela sabe quem a espera lá fora, mas o leitor, não. Dona de uma prosa pungente e de uma narrativa densa, intimista e rica em metáforas, a autora pisa no território minado da memória sem medo de dar um passo em falso.