Conversas do arquipélago reúne diálogos entre o filósofo caribenho Édouard Glissant, um dos grandes pensadores de nosso tempo, e o curador e crítico de arte suíço Hans Ulrich Obrist. Nestas conversas, Glissant aborda os principais conceitos de sua ob ra, como crioulização, colonização, globalização, opacidade, pensamento rizomático e memória, trazendo suas referências a autores, artistas e cineastas.
A partir de conversas realizadas entre 1999 e 2011 (ano da morte de Glissant), esses encontros transitam por continentes, ilhas, exposições e conferências, com um tom que oscila entre o casual e o formal. Desde o primeiro encontro, nos anos 1990, Obrist passou a considerar Glissant seu mentor – percepção que se reflete no texto. A relação espe cial que se estabeleceu entre os dois é revelada nas páginas do livro que reproduzem dedicatórias manuscritas, frases poéticas e desenhos do escritor para o curador. O livro apresenta ainda uma importante discussão sobre o projeto inacabado de Glissa nt, o Museu de Arte das Américas, o M2A2, na Martinica.
Este livro é um diálogo que manifesta o pensamento de Édouard Glissant, oferecendo ao leitor conhecer as ideias do autor que desafiou as noções estabelecidas de identidade e cultura em clássico s como Poética da relação e O discurso caribenho.
Trecho
“A utopia não é um objetivo nem uma meta. Tampouco é um sonho. A utopia é o que nos falta no mundo. Nossa utopia é uma busca por interconexão e totalidade, mas de forma que não deixemos d e fora nenhum componente do mundo quando pensamos “mundo”. Assim, no mundo de hoje, a utopia nunca está completa. É aquilo que falta”.
“Os continentes nos oprimem. Eles são largos e suntuosos. Os arquipélagos possuem a propriedade de difratar, el es produzem diversidade e expansividade, são espaços de relação que admitem todas as incontáveis particularidades do real. Estar em harmonia com o mundo por meio dos arquipélagos significa habitar essa difração e, ao mesmo tempo, unir litorais e apro ximar horizontes. Eles abrem caminho para um mar de errâncias: para a ambiguidade, a fragilidade, a deriva — que não e´ o mesmo que futilidade”.
Sobre os autores
Édouard Glissant foi poeta, filósofo e romancista, autor de uma obra extensa que i nclui ensaios filosóficos, romances, poesia e teatro. Nasceu em 1928 em Sainte-Marie, na Martinica, e faleceu em 2011 em Paris. Na juventude, Glissant foi discípulo do poeta Aimé Césaire, seu conterrâneo e fundador do movimento da negritude. Em 1946,