O livro Desandanças, da autoria do poeta Wilbett de Oliveira, começa com uma frase de Manoel de Barros, tomada como epígrafe: “Preciso de atrapalhar as significâncias”. A primeira coisa a observar é que “significâncias”, como palavra de múltiplo sentido, nos leva às mais diversas leituras, de campos semânticos inclusive distintos, como a ideologia dominante e, no extremo oposto, a obrigação de uma arte de qualidade de não reproduzir o senso comum. Dialeticamente falando, a escolha da segunda posição não pode renunciar inteiramente à primeira, porque é motivada justamente por ela e a contém como negativo. Em Desandanças, esse conflito aparece em meio a diversas temáticas sociais: a miséria, a seca, o descaso social para com a maioria – tudo isso em uma linguagem sutil que evita panfletarismo e assimilação fácil e imediata dos conteúdos. [ Arturo Gouveia, UFPB ]