Nos Versos De Leandro Durazzo Em Dois Carcarás Uma Fauna Discreta Dança À Volta Do Leitor Passeiam Pelas Páginas Os Carcarás Do Título Mas Também Cabras Morcegos Muriçocas Gatas Escorpiões Libélulas Iguanas Pombas Aranhas Arapuás Beija-Flores Os Bichos Estão Por Todos Os Lados E De Repente A Casa Está Irremediavelmente Aberta A Casa É O Mundo Faz-Se Mundo E É Muito Frágil Qualquer Linha Que Tentemos Traçar Aqui Entre Natureza E Civilização Por Meus Livros Já Passaram Lesmas Formigas Moscas Vespas E Traças Há Toda Uma Cultura Em Seus Trajetos Toda Uma Literaturaé Uma Voz Calma Sem Espanto Que Nos Fala Nesses Versos Curtos Enquanto Se Descobre Tão Selvagem Quanto Suas Pequenas Visitas Que Não Têm Pressa Parecem Ter Vindo Para Ficar E Seu Jeito De Ficar É Nos Fazer Ver Que A Vida É Uma Já Não É Possível Reconhecer Fronteiras Meu Sangue Que A Muriçoca Guarda Será Meu Ou Da Muriçocaos Poemas De Durazzo Flagram Cenas Independentes Pequenos Flashes Da Vida Selvagem Entrando Por Todos Os Poros Do Dia Mas Estão Profundamente Conectados Como As Fotos Tiradas Numa Mesma Viagem Todas Únicas Mas Inseparáveis Que Devolvem A Experiência Num Outro Tempo À Memória E Quem Nos Guia E Desvia Por Esses Caminhos É Alguém Que Já Não Pode Mais Se Reconhecer Senão Como Um Bicho Entre Os Outros Animal Nas Ranhuras Do Tempo Eu Me Arrasto Nem Garras Nem Gana Nem Penas Fado E Um Certo Medo Que Toda Vida Extingue Marca: Não Informado