Este livro propõe uma travessia na nossa história com o objetivo de desvendar os modos de comunicação dos escravos brasileiros do século XIX. Cartas, assinaturas nos processos de alforria, poemas diversos, são muitas as provas da capacidade de ler e de escrever dos escravos brasileiros. Entretanto, essa é uma história frequentemente elevada à condição de esquecimento. Mesmo que a história não tenha dívidas para com o passado, temos cada um de nós dívidas em relação a enorme parcela de homens e mulheres que durante três séculos foram feitos escravos no Brasil. Encobrimos muitas vezes esse processo e fazemos questão de não lembrar. A escravidão se constitui no nosso holocausto. Varremos nossa história para debaixo dos tapetes de nossos esquecimentos. É tempo de falar do dia a dia desses atores sociais que construíram uma existência duradoura em rastros de comunicação que podemos trilhar desvendando o caminho que do passado chega até os dias de hoje.