Estive tentando iniciar um diário, não achei que seria tão difícil. Sei que a base de qualquer diário é o segredo, aí que mora o problema, nunca quis desvendar e entregar o que guardo dentro de mim,e escrever é invadir terrenos virgens, dos quais não estava pronto para encarar. Quando reli o que havia traçado (e que ainda hoje sinto como se não fosse eu), enxerguei como num momento coloco o afeto do universo nas mãos e no outro desisto, caminhando entre o fim de tudo e a esperança, recomeçando e recomeçando. Eu todo dia por enquanto é sobre cometer erros dia-sim-dia-sim e jurar que amanhã será diferente. Amanhã será diferente. Mesmo que esse livro comece as inquietações de sempre: assisti a um ex-amor passando de mãos dadas com o atual, lancei um livro novo e descobri um câncer. Todos os eventos na mesma semana, “uma vida em três dias”. Um ano depois, voltei a escrever. Mais erros do que acertos, mais desabafos do que conselhos. Isso, que chamo de diário, transformou-se num amontoado de histórias de amor, que não são bem histórias, e não são bem sobre amor. Marca: DEVIR, POESIA E PROSA