As reflexões apresentadas nesta obra acompanharam a temporalidade louca da pandemia, dentro do turbilhão de eventos catastróficos, sucedido pelas respostas adaptativas oriundas dos campos da cultura, da política e da ciência, o que teve, entretanto, como consequência inexorável o fato de este livro ser, e ao mesmo tempo não ser, um retrato desse período de isolamento social. O pensamento de Ferenczi é fundamental em contextos assim. De certa forma, a elasticidade proposta por ele para a clínica evoca a concepção de que a escuta psicanalítica está efetivamente referida aos princípios de uma ética do cuidado que procura despertar, junto aos sujeitos paralisados pelo horror traumático, a intensidade dos afetos de vitalidade suscitados pelo encontro analítico.