Este livro parte das fissuras do corpo da autora, apresentando seus próprios dilaceramentos, decorrentes de abusos sexuais vividos durante a infância. Este percurso atravessa o silenciamento, o testemunho, o ressentimento, o esquecimento e, por último, leva – como um nascimento que se faz através do útero da terra – ao amor fati. É uma obra que busca ir além da dicotomia vítima-agressor para pensar a complexa trama que se estabelece invisivelmente e possibilita a incitação e a continuidade dos abusos sexuais, principalmente no âmbito familiar. Além disso, ressalta as modalidades de invenção vital a partir do insuportável, excessivo e cruel, e a arte como possibilidade de resistência e criação de novos modos de existência.