Max Weber e Leon Trótski figuram, sem dúvida, entre os pensadores mais profundos e influentes do século XX.Confrontar a atitude de cada um deles seja no âmbito teórico, político ou prático diante de um evento de magnitude histórica, como foi a guerra mundial iniciada em 1914, constitui certamente obra de interesse, tanto para o público geral como para o especializado, independentemente de filiações partidárias ou paixões políticas.Em particular, Max Weber aparece aqui não como o formulador sofisticado de uma nova objetividade nas Ciências Sociais, mas antes como um autêntico imperialista alemão, engajado até a medula para o triunfo de sua potência militar; e que, além disso, via na própria guerra uma tendência histórica da qual a humanidade jamais poderia se libertar. Daí também, quiçá, a incongruência de interpretações que proclamam a existência de um marxismo weberiano, tal como propõe entre nós Michael Lwy, o qual pudesse adotar o pessimismo de Weber como expressão legítima de uma negação das ilusões de progresso da consciência europeia do início do século XX. Em contraste, Trótski identificou a conflagração mundial como expressão da nova fase mais agressiva e destrutiva do capitalismo; em confluência crescente com Lênin, pôde também ver naquele auge de horror a prefiguração de um futuro sem guerras e violência, com a premissa de que o poder burguês fosse anulado e expropriado em todo terreno da ação humana.