O livro inova, em relação às pesquisas anteriores de Adriano Correia, como, aliás, não poderia deixar de ser, tendo em vista a inquietação constante e a produtividade de sua atuação no campo da filosofia. Conserva, no entanto, o essencial de seu concernimento em relação à obra arendtiana, chamando a atenção para sua atualidade e relevância no atual contexto de espetacularização da política e banalização da vida. Na era da extensão planetária da fabricação, perdemos em ritmo acelerado a capacidade de estar junto dos outros, o discurso transforma-se assustadoramente naquela tagarelice que Heidegger denominou de 'Gerede', nutrida pela propaganda, e que nada tem a ver com o que Habermas entende por racionalidade discursiva. Portanto, a filosofia de Arendt tornou-se, para nós, atmosfera vital, com sua exigência de compreender, sua 'paciência do conceito' e seu cuidado kantiano da vontade, indispensáveis para a sobrevivência do pensar e da condição verdadeiramente humana de ser-no-mundo e de ocupar o espaço público.