Lasar Segall

Este livro analisa as ações e discursos de repúdio à arte moderna, concentrando-se especialmente no caso do artista russo-brasileiro Lasar Segall (1889-1957). A singular trajetória de Segall, que viveu e produziu na Europa e no Brasil e que sempre militou pelas correntes de vanguarda, permitiu a observação e comparação das ideias dos refratários ao modernismo em diferentes lugares e épocas. Na busca pelos fundamentos conceituais dessa mentalidade, foi necessário recuar a observação para as décadas finais do século XIX, momento em que se consolidavam novas formas de se compreender o fenômeno estético, amparadas numa ótica cientificista e em categorias pejorativas de qualificação das correntes renovadoras, como a de degeneração. Atenção especial foi conferida à análise do cenário germânico e da política cultural do regime nacional-socialista, que empreendeu a partir de 1937 a Ação contra a Arte Degenerada, responsável por expurgar dos museus públicos alemães uma grande quantidade de obras de arte moderna, e por exibir em exposições difamatórias um conjunto delas, entre as quais, algumas de Lasar Segall. No Brasil, observou-se as circunstâncias culturais no momento da introdução dos modernismos e as relações entre o Estado Novo e a arte moderna, em especial no monitoramento de seus artífices pelos órgãos de repressão política.