Liberdade em paralaxe: sujeito e ontologia no pensamento de Slavoj Žižek destaca-se como uma obra de profundo fôlego conceitual, que adentra nas bases estruturais do pensamento do filósofo esloveno. O mérito da obra consiste em compreender o pensamento do filósofo sobre um eixo principal: a ideia de liberdade em paralaxe. A paralaxe, no campo da astronomia, implica no deslocamento aparente de um objeto em decorrência da mudança do ponto de vista do observador. Mas com Žižek, a paralaxe vai além disso. Ela implica em um corte real nas configurações simbólicas e imaginárias que asseguram a consistência interna do objeto, e para além dele, na consistência do próprio observador. Noutros termos, a paralaxe é um efeito de deslocamento que destitui as coordenadas fundamentais que sustentam a autoidentidade tanto do sujeito como do objeto. Liberdade em paralaxe significa, portanto, pensar uma liberdade que extrapola a dimensão subjetiva para tocar numa ancoragem ontológica, real, entendida como uma fissura no próprio tecido da realidade fenomênica. Logo, para Žižek, sujeito, ontologia e liberdade, só podem ser conjugados nos termos de uma visão em paralaxe