“Alguém tem um absorvente?”, anuncio em voz alta a ninguém em particular no banheiro feminino. (...) Invariavelmente, no mundo todo, ouço e vejo mãos femininas remexendo em bolsas e mochilas, até o momento triunfal em que uma desconhecida, com um sorriso gentil, me estende um absorvente. Ninguém fala em dinheiro. O acordo tácito universal é o seguinte: Hoje é a minha vez de pegar o absorvente. Amanhã será a sua. (...) Não tenho o menor medo de pedir. De pedir nada. Sou DESCARADA. Eu acho.” - Amanda Palmer
Cantora e compositora, ícone indie, feminista, mulher de Neil Gaiman, agitadora e mobilizadora de multidões online: Amanda Palmer é um retrato perfeito da boa conexão entre o artista e seu público.
Após desligar-se de sua gravadora, Amanda recorreu ao então recém-lançado Kickstarter, site de financiamento coletivo, para conclamar os fãs a colaborar financeiramente para a produção do próximo álbum de sua banda. O projeto arrecadou mais de 1 milhão de dólares, recorde que chamou atenção tanto da imprensa como da indústria fonográfica. Desse episódio surgiu o convite para uma celebrada palestra nos TED Talks. O tema: saber pedir.
Desdobramento inevitável da palestra homônima, o livro ”A Arte De Pedir” trata essencialmente de recorrer ao outro, sem temor, sem vergonha e sem reservas.
Por que não pedimos ajuda, dinheiro, amor, com a mesma naturalidade com que pedimos uma cadeira vazia num restaurante ou uma caneta, na rua, para fazer uma anotação? Pedir é digno e necessário, e é a conexão entre quem dá e quem recebe que enriquece a vida humana, defende Amanda.
Longe de ser um manual sobre como pedir, o livro é uma provocação bem-vinda e urgente, que incita o leitor a superar seus medos e admitir o valor de precisar e doar ajuda, sempre.