Neste novo livro, Luiz Roncari, professor de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo, faz uma análise original da novela "Buriti", de Guimarães Rosa, publicada em 1956 no ciclo Corpo de Baile. Utilizando o mito grego de Dioniso e Ariadne como chave interpretativa, o autor ilumina os fios que tecem o texto rosiano, das profundas raízes patriarcais da sociedade brasileira aos anseios de liberdade de seus personagens. Complementam o volume os belos desenhos do artista plástico gaúcho Eduardo Haesbaert, que dialogam de forma sugestiva com os temas do ensaio.
Como dar conta da surpreendente trama de vozes, figuras, paisagens e situações que compõem a novela "Buriti", que completa o ciclo de Corpo de Baile, publicado por Guimarães Rosa em 1956, fazendo jus, por um lado, a seu alcance universal e, por outro, a seu profundo enraizamento na realidade familiar do patriarcalismo brasileiro?
A pergunta, que tem suscitado um sem-número de caminhos interpretativos, encontra em Buriti do Brasil e da Grécia, de Luiz Roncari, uma resposta abrangente e original. Centrando sua análise nessa novela, o professor de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo revolve várias camadas de sentido que conformam o texto rosiano para eleger uma poderosa matriz de interpretação: o mito grego de Dioniso/Ariadne e sua vigência no sertão de Guimarães Rosa.
Na fazenda Buriti Bom, a que chega Miguel - o mesmo Miguel, Miguilim, de ¿Campo Geral¿, agora adulto - , tudo se dá sob a égide do Buriti-Grande, árvore axial e totêmica. Ali convivem lado a lado ritmos da natureza e ritos da cultura urbana e sertaneja, anseios de liberdade dos personagens e amarras do patriarcalismo tradicional. Com tino crítico acurado, Luiz Roncari ilumina as passagens decisivas desta novela excepcional em que os impulsos antagônicos de Eros e de Pan se manifestam com uma força incomum.