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A escrita pornográfica é um discurso compensatório, reativo, que se nutre da inquietude gerada pela diferença sexual, com o homem confrontado com uma sexualidade feminina que ele não domina com suas categorias. Na pornografia, o homem constrói um universo onde tudo é feito a sua medida...
Mas não podemos dissertar sobre a pornografia como dissertamos sobre qualquer outro tipo de paraliteratura. Como ignorar que o simples fato de sua existência é problemático para a sociedade? Nem é preciso invocar a autoridade de Freud para admitir que o laço social implica uma repressão da sexualidade, precisamente a repressão de que se alimenta a pornografia. Seria preciso imaginar uma transformação radical daquilo que se chama sociedade para que a pornografia perdesse todo valor transgressivo.
Os debates sobre a proibição ou a restrição da pornografia nunca silenciaram, e os argumentos de seus adversários renovam-se constantemente. Para além dos problemas éticos suscitados pela difusão massiva da pornografia, a experiência clínica e a história mostram que, em matéria de sexo, o amor e o ódio, o desejo e sua repressão trocam muito facilmente de lugares, quando não são indistinguíveis. A exaltação da liberdade sexual pode se transformar em seu contrário, sem sair da órbita da sexualidade que, por natureza, é capturada pelo interdito.
Duas coisas são certas: a literatura não está mais no centro da produção pornográfica, e a produção pornográfica, que prosperou em um mundo dominado pelo masculino, evoluirá em função da maneira segundo a qual se definirão as relações entre os sexos.