No início desse ano, a França assistiu a um fenômeno literário. Dai Sijie, um autor desconhecido de origem chinesa, lança, discretamente, o seu primeiro romance, com tiragem de apenas 2 mil exemplares. Mas bastaram duas semanas para que o livro esgotasse e a editora tivesse que reaquecer as rotativas.
Nova edição, topo das listas de best-sellers, resenhas elogiosas nos principais jornais e revistas, resultado: 175 mil cópias vendidas e a candidatura de Balzac e a Costureirinha Chinesa ao principal prêmio da literatura francesa, o Goncourt.
A história de Balzac e a Costureirinha Chinesa se passa no fim da década de 60, quando o líder chinês Mao Tse-Tung lança uma campanha que mudaria radicalmente a vida do país: a Revolução Cultural. Entre outras medidas drásticas, o governo expurga das bibliotecas obras consideradas como símbolo da decadência ocidental.
Mas, mesmo sob a opressão do Exército Vermelho, uma outra revolução explode na vida de três adolescentes chineses quando, ao abrirem uma velha e empoeirada mala, eles têm as suas vidas invadidas por Balzac, Dumas, Flaubert, Baudelaire, Rousseau, Dostoievski, Dickens...Os proibidos!
Balzac e a Costureirinha Chinesa é uma crônica da vida na China durante a revolução de 68. Um romance sobre a felicidade da descoberta da literatura, a liberdade adquirida através dos livros e a fome insaciável pela leitura, numa época em que as universidades foram fechadas e os jovens intelectuais mandados ao campo para serem "reeducados por camponeses pobres".
Entre os que tiveram de abandonar as cidades está o narrador de Balzac e a Costureirinha Chinesa e seu melhor amigo, Luo. O destino deles é uma aldeia escondida no topo de uma montanha. A vida não é fácil para a dupla, mas com muita coragem, senso de humor, uma forte imaginação e a companhia da Costureirinha — a menina mais bela da região — o tempo vai passando.
Até que descobrem a mala repleta de livros banidos pela Revolução Cultural. As obras, sobretudo Ursule Mirouët, de Balzac, revelam aos adolescentes uma realidade que nunca haviam imaginado. E é por intermédio desse mudo novo além das fronteiras chinesas, e dos grandes mestres da literatura que o narrador, Luo e a Costureirinha compreendem que suas vidas pertencem a algo muito maior.