A ameaça à estabilidade mundial e as soluções para a sustentabilidade.
Leopardo Editora lança no Brasil o livro do professor de sociologia Walden Bello. Uma análise profunda da crise alimentar, da expansão da agricultura capitalista e da resistência dos camponeses
Professor de sociologia e analista político, o autor Walden Bello questiona o sistema moderno do comércio mundial e alerta para os perigos do aumento dos preços de itens básicos de alimentação.
Exemplifica com os dados divulgados pela ONU ao final de 2008, que mostraram que “a cesta de alimentos importados nos países menos desenvolvidos custou mais de três vezes em relação ao preço de 2000, não por causa do maior volume de importação de alimentos, mas como resultado dos preços dos alimentos em alta”. O fato deixou 75 milhões de pessoas à beira da fome e levou cerca de 125 milhões para a pobreza extrema, de acordo com dados de 2008 da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Examinando a evolução dessa crise e seus desdobramentos, o autor relata os perigos que estes fatos podem representar para a estabilidade internacional.
Bello também apresenta argumentos e soluções para a sustentabilidade do planeta. Em um dos capítulos, o autor dispensa atenção especial aos agrocombustíveis. “O sexto capítulo, ‘Agrocombustíveis e a Insegurança Alimentar’ analisa como a explosão do agrocombustível aumentou a crise alimentar. Além de tirar terra da produção alimentar, os agrocombustíveis tem sido um motor para a expansão das relações agrárias capitalistas e para a destruição da agricultura camponesa. Também discutiremos se os agrocombustíveis são, de fato, uma alternativa viável aos combustíveis fósseis na questão do desafio da mudança climática.”
No capítulo final, Bello analisa “a dinâmica da resistência do camponês e do pequeno agricultor à agricultura industrial capitalista, passando dos protestos políticos até a organização internacional do ‘ato do campesinato’ – a adoção, por não camponeses, de práticas agrícolas de camponeses ou de pequena escala”. Entre os movimentos examinados no capítulo está o MST (Movimento dos Sem Terra) do Brasil e seu fundador, João Pedro Stedile.