Masquerade, nos variados textos dos seus mais de quarenta autores, vem com uma questão: o quanto de mistério se esconde na fantasia de liberdade do Carnaval? Carnaval é época em que a ruptura rebelde do riso tornase a norma. Bem já previra Bakhtin. Mas a figura do palhaço riso por excelência é lugarcomum no terror e no drama. E é legítimo e igual todo riso, ainda se pensase no afamado riso de nervoso? O riso é culturalmente localizado, e cada época, lugar e ambiente obriga ou impede o riso de existir de determinadas formas. Então surge o Carnaval, e nele o riso é de alegria, catarse e gozo. Essência também do festejo, sua gêmea bivitelina, é a fantasia. E aqui quem faz a festa e serelepe comemora é a polissemia. Quantas fantasias simbólicas o Carnaval lhe permite vestir, rasgar e vestir de novo? Se a fantasia e as máscaras são um óbvio necessário do convívio social, no Carnaval, sua função se inverte. Nele, elas não são mais erguidas para manter a santa paz do status quo. Nele, elas são portais que o pervertem em toda sorte de libertinagem: a realização daqueles desejos mais íntimos e pouco divulgados. Eis a pergunta que fica: no Carnaval, as máscaras escondem ou lhe permitem ser quem é? Marca: Bookaria