"CAN U HEAR ME diz um dos versos do primeiro livro de poemas de Marcel Beyer, instaurando assim uma poética feita de vozes próprias e alheias, ruídos, scratchs e sobreposições de rastros, fragmentos e relíquias sonoras. Diante destes textos somos relembrados de que o primeiro órgão sensorial de um poeta é, na verdade, o ouvido. A forma como o autor integra nos seus poemas citações, frases e aforismos deve-se frequentemente às sugestões e aos efeitos estimulantes presentes em sua sonoridade. São os sons de aparelhos sonoros, bem comodas memórias da fala, ecos da música pop combinados com os da poesia medieva, clássica e moderna que fazem desses textos uma sobreposição de canções de todas as épocas." -- Douglas Pompeu É preciso lavar as mãos em tinta, é preciso gargarejar com tinta. Os lábios estão pretos, estão roxos, estão azuis. Os dentes atrás da escrita. Eu penduro a língua até o fundo do tinteiro, enfio minhas mãos na goela. Lanço tiras de papel na minha própria garganta. Detrás da escrita há espaço ainda, detrás da escrita há sempre espaço ainda. […] Marca: EDIÇOES JABUTICABA ***