Publicado originalmente em Lisboa, em 1601, livro independente mais antigo com registro do Brasil, Naufrágio & Prosopopeia narra em prosa e verso os feitos de Jorge e Duarte de Albuquerque Coelho, filhos do primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho. O primogênito, Duarte, se tornou o segundo governador pernambucano; após sua morte, Jorge assumiu o posto. Nascidos em Olinda, vila fundada pelo pai, assim como o porto de Recife, foram os primeiros grandes mamelucos – termo tomado aos mouros pelos portugueses, para designar a categoria de grandes chefes já nascidos nas colônias. Em Naufrágio, conta-se em prosa a turbulenta volta ao Brasil de Jorge, após a campanha de cinco anos para restabelecer o domínio na capitania, em disputa com os caeté, na qual levou nove flechadas, uma delas no rosto. Salva a si e à tripulação na nau mercante Santo Antônio, capturada no trajeto por corsários franceses e destruída por seguidas tempestades. Os elementos de coragem e nobreza com os quais se identificam os membros da primeira elite colonial brasileira repetem-se em Prosopopeia, poema épico clássico, que conta a posterior participação dos dois irmãos na guerra contra os mouros, ao norte da África, na qual Jorge entregou seu cavalo ao rei D. Sebastião, que encontrou sem montaria, em meio à luta, na batalha de Alcácer-Quibir. Na derrota desastrosa para Portugal, sobreviveu - enquanto o rei morreu, apesar do seu sacrifício.
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