É no espaço limial dos encontros que Antônio LaCarne se depara com a solidão. E é desse acontecimento que ele vem nos contar em Noites insuportáveis, cujo título serve de metonímia para falar da vida que se tornou intolerável, dos desconexos fragmentos que somos obrigados a encarar quando, deitados na cama, ensaiamos tentativas de descanso. A solidão, no entanto, é uma fera que morde a carne do escritor sem conseguir devorá-lo. O resultado disso são versos de uma beleza fria, cortante, profunda. O poeta se lança em direção às coisas: fala de cavernas e bichos insondáveis; do desejo que continua errando o alvo, estalando beijos no vazio; de amores para sempre perdidos. A tristeza diante do que se foi ou do que jamais chegou a ser senta-se à mesa com convidados inesperados: o entendimento, por vezes desconcertante, sobre o que concerne à vida; e a percepção de que, em meio aos “paradigmas da solidão” e aos “corações empobrecidos”, “os fantasmas se divertem” e nós - Antônio e seus leitores - também. (Do texto de orelha de Leonardo Araújo) Marca: FOLHAS DE RELVA