O desejo de psicanálise: exercícios de pensamento lacaniano, de Gabriel Tupinambá, propõe uma crítica da ideologia lacaniana e do modo como esta sobredetermina o uso político da psicanálise. Num texto notadamente bem embasado, fazem-se presentes diferentes facetas do autor: aqui estão entrelaçadas a teoria psicanalítica, as ideias que pautam a organização política e a reflexão filosófica. Extremamente original, O desejo de psicanálise contribui para a superação dos limites atuais da psicanálise lacaniana, além de propor uma prática psicanalítica que se pretenda pública. Mais que uma aplicação da vertente lacaniana à política, trata-se de uma leitura marxista, com suporte da filosofia e das ciências, que reavalia os impasses e os méritos da clínica e teoria de Lacan. Segundo Christian Dunker, a obra é a melhor crítica até agora realizada da ideologia lacaniana: Em tempos de elogios fáceis e autorreferidos, é difícil dar a essa afirmação seu devido peso. Ainda que comece e se concentre em objeções milimétricas ao millerianismo, seu texto serve para qualquer derivação ou assimilação do pensamento lacaniano e isso só poderia ser feito por alguém com pleno domínio de áreas tão díspares quanto a formalização lógica, as políticas marxistas revolucionárias e a viva experiência de instituições e movimentos sociais tais como eles são, escreve. Já reconhecida internacionalmente, a obra foi primeiro publicada em língua inglesa. Agora chega ao país natal do autor com lançamentos também em russo e espanhol. Trecho Habitar a tensão entre as perspectivas clínica e crítica da psicanálise envolve reconhecer que estamos lidando, ao mesmo tempo, com dois sistemas de alocação contraditórios. Do ponto de vista clínico, o inconsciente é, antes de tudo, o que se passa entre um profissional e seu paciente. Do ponto de vista crítico, o inconsciente se dá no próprio nível existencial de nossos seres sexuados. Evidentemente, a clínica lida de maneira extensiva com os problemas da sexuaç