O Emboaba

Impressiona-me a quantidade de pessoas que chegam aqui quase que diariamente, vindas dos mais variados lugares. Há aqueles que vêm do sertão da Bahia, do vale do São Francisco, da região do açúcar. Há pernambucanos descendentes dos invasores holandeses, que fizeram muitos filhos por lá. Entre eles há, inclusive, judeus e protestantes. Há até mesmo aqueles que vêm das capitanias mais setentrionais, como Siará e Maranhão, de hábitos, falares e fisionomia muito peculiares. Há fluminenses, portugueses, africanos de diferentes tons, mamelucos de diversas misturas. Há também aqueles curiosos descendentes dos vicentinos que desbravaram as bandas do sul, que são chamados de gauchos. Diz-se deles que nasceram sobre os lombos dos cavalos, entre uma e outra investida de preação de indígenas que os bandeirantes fizeram às reduções jesuíticas. Há aqueles que não vêm de lugar algum, ou que não sabem ou não se lembram de onde vieram, e há, é claro, muitos vicentinos que há muito deixaram São Paulo, Taubaté ou Sorocaba para explorar os sertões e que chegam de toda parte falando aquela estranha língua que chamam de geral, mescla do português com o tupi. Com a chegada de mulheres vindas das vilas litorâneas, ou mesmo tomando à força alguma índia ou escrava daqui, toda essa miscelânea de aventureiros vai dando origem a um povo mestiço, luso-brasileiro por excelência.
Marca: Ipê das Letras