Ao longo da leitura desta obra, entendi por que implico com assertivas como “fulano de tal é uma pessoa muito humana”, “o hospital oferece tratamento humanizado”, entre tantas outras que equacionam a natureza sapiens a um alto grau de respeito à dignidade alheia. A autora nos instiga a considerar nossa atávica propensão à intolerância. Antes mesmo de conhecer alguém (tarefa sempre nublada e incompleta), tendemos a idealizar ou… depreciar. Triunfamos sobre a alteridade que nos aflige, num ímpeto defensivo, atribuindo-lhe faltas e excessos. Irrompemos neste mundo tão precariamente e aqui vivemos sedentos de amor, por isso mesmo constituindo a espécie mais afeita a dogmatismos, a fanatismos, a racismos e a todas as formas de ataque às diferenças. Odiamos o que frustra nossas ânsias narcísicas.Nunca perderá a importância um livro como este, que ilumina as feições da hostilidade, essa força psíquica destrutiva, às vezes sorrateira, e profundamente humana.- Carolina Scoz