"Daniel Francoy nos faz ver com vista dupla, invertida, na qual é preciso um certo ajuste de cegueira para enxergar as coisas que acontecem perto do coração — aquelas vivas, sujas e quentes. Num dos poemas: pensar na bondade das mãos quando for ferir e na maldade delas quando for perdoar. Para ser um leão é preciso ser antes uma serpente. Francoy nos faz perceber que descobrir a orfandade das coisas é descobrir ao mesmo tempo a sua irmandade, uma amplidão que decorre da persistência da experiência da ausência. Tudo será, mais cedo ou mais tarde, ruína. A estação das coisas que caem e das coisas que renascem. Até lá, até que se perca tudo (nada), talvez um conselho possível diante daquilo que vai desaparecer seja este, o de aprender a flutuar com coragem e imprudência — e que, talvez, ainda nem se saiba o significado da palavra medo." Ana Estaregui Marca: EDIÇOES JABUTICABA ***