A poesia de Andreev Veiga navega por uma suave perturbação, pelo afogamento da esperança, pelas ruínas de um apartamento onde um homem velho, sob os escombros da realidade, ouve música. São instantâneos fotográficos de lugares que, mais que lugares, representam espaços do espírito, interioridades que tomam corpo no mundo e neste outro corpo: o poema. Porque isto é – o próprio autor o disse – a repetição de outra coisa que acontece, ou talvez, “uma tentativa de escrever/ um momento que não fosse obscuro”. O poema é sempre uma tentativa, uma outra coisa, e é o lugar – o único possível – quando não temos aonde ir. Víctor Sosa