Em Obscuro Fulgor Gabriel Alvarenga nos faz viver uma experiência sinestésica. Acompanhando Pirata, sentimos os cheiros da rua, da casa, dos corpos por vezes muito próximos no restaurante, no ônibus, no sexo por vezes como pontos coloridos confundido-se na turba. Tudo aqui sua. Mesmo o vento. Tudo é corpo, em especial a cidade. O pixo invade a página, narradores se misturam, personagens se diluem. Pirata é tudo, seu ser duro, muitas vezes etéreo, sem contorno, amalgama-se ao entorno e à cidade que é apresentada em todos os seus ângulos, do céu ao chão, do mar às vigas de aço, a partir de um olhar que voa e rasteja. Pirata é fluido. Vindo da noite, ele e as fragatas, perambula colecionando encontros furtivos, silenciosos, amores violentos, aos cacos, profundos. Faz do dia colorido um êxtase, um inebriar-se, faz do pulsar de um coração de celofane amuleto e pulsamos junto.