Os poemas de Eugênio Bucci neste Os Dois Hemisférios do Meu Colarinho são achados e perdidos no tempo errado da gramática. Ele a usa, a gramática, e desencaixa as prateleiras usuais das rimas para criar campos da linguagem, ora irônicos, ora icônicos: “e ainda por cima / essa rima / essa rima / que não rima nem sai de cima”. Em artimanhas desconcertantes, Bucci joga longe da cancha do lugar-comum e oferece pérolas no nosso bel-prazer: “é ele que me abraça quando / no telescópio e desuso que a minha curiosidade já não quer / balança e depois descansa / uma blusa de mulher”. Ou “o amor é um buraco negro no meio do peito / quando não é feito”. Um surto de estratégias poéticas e boas histórias. Sim, Eugênio Bucci conta boas histórias de amor em seus poemas. E nas verdadeiras boas histórias, nem sempre as coisas acabam bem. [Afonso Borges] Projeto Gráfico e Capa: Casa Rex 4a Capa: Juca Kfouri Orelha: Afonso Borges