Na vida de Fernando Pessoa, nenhum dia foi como o 8 de março de 1914, que ele mesmo batizou de ''''O dia triunfal'''', nesse dia, o maior poeta da língua portuguesa e um dos maiores do século 20 criou Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos - seus três heterônimos - deu-lhes biografia, biótipo, estilo literário, crenças etc. Deles, o mestre é Alberto Caeiro - mestre do próprio Pessoa -, poeta-pastor da região do Ribatejo que despreza a metafísica, a filosofia, para quem a divindade é a própria natureza, para quem ''''pensar é estar doente dos olhos'''' e inventor do ''''neopaganismo''''. Quando da morte de Fernando Pessoa, em 1935, encontrou-se uma arca contendo a totalidade de sua obra (só o que havia sido publicado em vida foi Mensagem e um livro de poemas em inglês), quase toda inédita naquela época. Dos heterônimos, apenas no caso de Caeiro havia uma organização de poemas atribuídos a ele pelo próprio poeta, que continha as séries de poemas ''''O guardador de rebanhos'''', ''''O pastor amoroso'''' e ''''Poemas inconjuntos'''' (no caso dos outros heterônimos, especialistas tiveram de ir agrupando e selecionando as poesias). Esta edição de Poemas de Alberto Caeiro, é organizada pela professora Jane Tutikian, com base nessa seleção do próprio autor.