O autismo se tornou um mediador do laço entre adultos e crianças, comparecendo mesmo onde não está, como suspeita ou como risco a ser prevenido. A insistência desse significante em diferentes espaços, o excesso de circulação discursiva a respeito da categoria diagnóstica de Transtorno do Espectro Autista e do desenvolvimento psíquico de bebês e crianças, além de cristalizar atalhos diagnósticos postos, testemunham novas marcas que se inscrevem nas crianças nestes tempos. No Brasil, as intervenções se organizam em um campo complexo e dão origem a diversas proposições políticas, grande parte delas elegendo as crianças como público-alvo. Esta obra busca compreender como as proposições sobre o autismo e suas políticas correlatas indicam o lugar fabricado e reservado atualmente às crianças no imaginário social, a partir do qual cada criança terá que advir como sujeito e conquistar para si um lugar singular.