"Se me fiz destino em escrever, em ser poeta ? Ou o palco, o teatro, me foi o pórtico iniciático para assim o ator, cuja poesia se dá na/em cena, se fazer poeta posto que levado à poesia, à escrita, ou melhor, à escrevivência? Até que ponto o ator se descobriu poeta ou o poeta se fez ator, para, através da arte do teatro, se reconhecer intrinsecamente irmantado, almagamado e conjurado em meio a essas duas trincheiras ? E ainda tem a música e a filosofia no meio, junto, dentro disso tudo! Uma vez que sempre me interessou (e interessa!) essa confluência e intercruzamento dessas forças, expressões e potência desses saberes e vivências. Além do mais, sempre me pus (e me ponho) diante da inexorável questão: o que é ser artista hoje em dia? o que pode a arte? O que pode a poesia? O que pode a poesia, sendo uma expressão que se dá, em sua feitoria e burilamento, num estar sozinho , diferentemente do teatro, que é uma arte de natureza coletiva em sua artesania? Qual o dínamo sutil e motriz, material, portanto corporal (corpo e livro, livro e corpo, poesia e poema, poema e poesia, eu e mundo, mundo/eu, que, como acontecimento de tal encontro e vir a ser, vir a ser poesia, poema) que mobiliza as forças subjetivas, objetivas, sensíveis, intelectivas e espirituais que me levam necessariamente, como destino inescapável , à poesia, ao querer ser escrito e inscrito pela, com a poesia? Essas, entre outras questões, são as que, também, me atravessam o solo e o horizonte de meu fazer poético." (Alberto Eloy)
Marca: FOLHAS DE RELVA