Katia Maciel, artista em suas múltiplas incursões na videoarte, instalações e performance, já há algum tempo vem se mostrando uma figura do texto, particularmente no campo da poesia. O protocolo de apresentação, aqui, é necessário, pois praia a pino nos lança muito dentro de suas preocupações estéticas mais recorrentes. A presença do mar, desde o título, é um motivo continuado em sua obra, e aqui é levada a outro turno de passagens, mais explicitamente nas fulgurações do estado de sonho. Daí sermos conduzidos, passo a passo, por uma variedade de poemas em que o amor e suas histórias – e há outra maneira de sonhar? –, entre as possíveis e as difíceis, se apresentam como fonte, aparente e discernível, do campo narrativo em que são compostos boa parte dos poemas. Primeiro como encenação dos ambientes, dos espaços e de certa malícia na construção dos conceitos que encontramos no aramado da composição. O jogo inteiro das aparências, e parentescos, no campo das artes que frequentam Katia, bem como as aparências todas, e parentescos, em que nos enredam o próprio campo, e estado, da arte, diante da pletora de anáforas a que a artista tem nos conduzido em sua carreira, agora comparecem com força de cena nos turnos das relações, as mais íntimas, que nos informam do mundo. Bem-vindo à beira d’água de praia a pino. Não garantimos boias, caso se afogue.
Marca: Não Informado