A publicação em espanhol do livro Produção Destrutiva, Agroecologia e Escolas de Agroecologia no Brasil de Henrique Tahan Novaes é, mais do que oportuna, necessária para que os países de língua hispânica tenham acesso a uma interpretação aguda acerca do conflito entre o agronegócio e a agroecologia no momento atual. Recortado como um dos terrenos estratégicos das lutas dos movimentos sociais e dos ambientalistas contra uma devastação apoiada por agentes públicos do Estado brasileiro, Novaes discute o avanço destrutivo do capital e os crimes ambientais, decorrentes da implantação da chamada Revolução Verde no Brasil. Novaes identifica nas lutas dos Trabalhadores Sem Terra um dos principais movimentos sociais de resistência à Revolução Verde. Ele narra os seus embates contra as grandes corporações transnacionais e a defesa da soberania alimentar, de uma reforma agrária popular e agroecológica, tendo em vista a produção de alimentos saudáveis, e não de commodities. Nesse cenário, destaca o papel das escolas de agroecologia, voltadas para a formação de “técnicos” com uma outra perspectiva de produção de alimentos, e uma outra pedagogia. Para ele, essas escolas são autogeridas e a vivência de práticas para uma outra forma de democracia é fundamental, tanto quanto a adoção de objetivos e métodos que se distanciam bastante da escola opressora e alienante. Além do mais, os fundamentos da agroecologia são trabalhados cotidianamente em contraposição aos princípios da chamada Revolução verde. - Pedro Pagni - UNESP Marca: LUTAS ANTICAPITAL