Silêncio em si maior

Quando lemos um diário, é como se invadíssemos a vida de alguém. Desta vez a invasão foi planejada pelo principal narrador do livro. Um menino de onze anos que sofre abuso sexual na própria casa e é guiado por uma coragem que nem ele mesmo sabia que tinha. Começamos a acompanhar o diário de um menino contando que é abusado pelo tio e, apesar disso, é um bom aluno e tem bom convívio. Este menino tenta denunciar os abusos, mas é ignorado pela mãe, pela polícia, por todos a sua volta. Quando começou a escrever, ele tinha certeza que alguém encontraria o caderno no futuro. Alguém, no futuro, talvez pudesse fazer algo para mudar aquela história, ou outras histórias parecidas. O caderno azul recebia em silêncio as palavras que nenhuma família gostaria de ler. Há outras vozes, outros narradores que se juntam a este menino sem nome. Folheamos as páginas do diário como cúmplices e terminamos o livro como testemunhas. Autor: Fabrício Pacheco