“Maria de Lourdes da Silva Ramos produziu livro muito bem-vindo. Será apreciado como se crônica atual e como páginas de acervo. O assunto é Mato Grosso, é Cuiabá, mas o interesse que desperta abrange por inteiro a cultura nacional. [...] Não só o melhor da mesa regional e os mais cuiabanos dos costumes. É, também, a História, a Geografia romântica das cidades, dos rios, campos, matas, séculos. [...] Lourdinha fuçou o baú das avós, curiosou diários e cadernos das tias, recuperou o legado oral das negras e das índias hábeis nos temperos e nas misturas. Não terá havido canteiro e ervas em que a Lourdinha não mexesse, papelzinho de fundo de gaveta que não desdobrasse, receita esquisita que não provasse, memória que não refrescasse.” E o livro não é só de receitas e dicas culinárias, convém repetir. Resulta num apanhado inteligentemente exposto do que há de mais singular na civilização mato-grossense. A autora nos faz entrar na intimidade cuiabana pela porta da cozinha, é verdade. Gesto de intimidade. Somos recepcionados pelo calorzinho amigo da trempe indígena, ouvindo o chiar das pedras do tacuru. [...] Terminado o sarau, deixamos a mansão da Rua Linda do Campo, mergulhando na tépida noite cuiabana. [...].