O romance Tamoios, de Zeca Sampaio, revisita com força poética e rigor histórico a saga do povo Tamoio, uma das maiores nações indígenas do litoral brasileiro no século XVI. A obra propõe um mergulho na memória do Brasil antes e durante a colonização, reconstruindo, em linguagem lírica e pulsante, o ponto de vista dos que resistiram à invasão portuguesa. Com um estilo híbrido entre o épico e o poético, Sampaio assume a voz dos próprios indígenas, recriando o universo espiritual, mítico e político dos Tamoios. Ao revisitar personagens como Aimberê, Cunhambebe e Pindobuçu, o autor os transforma em símbolos de resistência e ancestralidade. Tamoios não é apenas uma recontagem da história: é um ato de memória viva, que liga passado e presente em uma narrativa que ecoa a violência da colonização e a persistência da vida indígena. Ao fazê-lo, convoca o leitor a encarar o passado colonial não como ruína, mas como ferida aberta que ainda pulsa no presente.