O surto de Zika no Brasil levou ao nascimento de milhares de crianças com grave deficiência cerebral: a síndrome congênita do Zika. Apesar das doenças transmitidas por mosquitos afetarem toda a sociedade como a febre amarelaa denguea chikungunya e o Zika ?essas crianças nasceram quase exclusivamente de mulheres pobres egeralmentenão brancas. VírusMosquitos e Injustiça Reprodutiva explora as disparidades de saúde e a injustiça reprodutiva que conduziram à distribuição altamente distorcida de crianças nascidas com a síndrome congênita do Zika. O livro examina a história do surto de Zika no Brasil e liga-o a questões mais amplas relativas aos direitos reprodutivosàs respostas científicasmédicas e de saúde pública aos novos agentes patogênicosao papel das organizações internacionais de saúde no combate ou na ignorância das crises de saúde pública e às consequências de dramáticas desigualdades nos cuidados de saúde no Brasil. Este estudo argumenta que é o efeito desproporcional do Zika sobre os nascimentos entre as populações vulneráveis eprincipalmenteuma função das disparidades dramáticas no acesso das mulheres à contracepçãoaos cuidados pré-natais e à criminalização do aborto no Brasil: apenas as mulheres mais ricas têm a possibilidade de interromper uma gravidez com segurança. O livroassimargumenta de forma persuasiva que uma epidemia é simultaneamente um evento biológico e político queno caso do Zikafoi produzido por um complexo emaranhado de humanosvírus e mosquitos.